Saúde Renal

Os Rins

Os rins são dois órgãos existentes na parte de trás do abdômen que limpam o sangue das impurezas do corpo, funcionando como filtros. Caso não funcionem corretamente, as impurezas se acumulam e a pessoa fica intoxicada pela uréia, que é uma substância tóxica ao organismo.

As principais doenças que podem atingir os rins são as nefrites (pielonefrite, que é a infecção do rim e glomerulonefrite, que é a inflamação do rim), nefrolitíase (pedra ou cálculo no rim) diabetes mellitus (muito açúcar no sangue), pressão alta, rins policísticos (cistos renais hereditários) e outras.

Podem ter ou não. Em algumas pessoas, a doença pode evoluir mal, comprometendo totalmente os rins que deixam de funcionar, o que se chama insuficiência renal crônica. No caso dos rins não funcionarem mais, as pessoas tem que fazer diálise ou transplante renal para continuarem vivas. Assim, é importante que a doença dos rins sejam diagnosticadas e tratadas no início para não ser necessária diálise ou transplante no futuro.

O clínico geral ou nefrologista (que é o médico clínico especialista em rim) podem ajudar a tratar e prevenir as doenças renais.

Doenças

Entenda como ocorrem as doenças. Quais os seus sintomas e como elas se manifestam no corpo. Em que época da vida elas ocorrem com mais freqüência. Quais são suas causas e como deve ser feita a prevenção. Como é feito o diagnóstico e as melhores formas de tratamento.

Cálculo Renal

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Várias são as causas de formação de cálculos nos rins, e estes podem ser encontrados em qualquer região do sistema urinário: rim, ureter e bexiga.

Geralmente a presença do cálculo se manifesta através de cólica na região das costas que pode se irradiar para o abdome e até para o baixo ventre.

O diagnóstico pode ser feito através de ultra-sonografia, raio-x simples do abdome, urografia excretora (raio-x com contraste), exame de urina e outros.

Normalmente a dor é intensa levando o paciente à procura de atendimento médico de emergência, necessitando ser medicado com anti-inflamatórios ou anti-espamódicos intravenosos.

Depois de resolvido a dor, verifica-se a necessidade ou não de tratamento com cirurgia ou equipamentos especiais para ajudar a eliminar o cálculo, ou simplesmente o acompanhamento quando este é pequeno e possa ser eliminado espontaneamente.

Hoje o tratamento mais usado para fragmentar (quebrar) o cálculo é a Litotripsia Extra Corpórea (ondas de choque). Eventualmente faz-se necessário tratamento com cirurgia.

Se o aparecimento de cálculo for freqüente deve ser investigado o tipo de alteração metabólica que ocasiona a sua formação, para que então se faça o tratamento preventivo.

Medidas gerais na prevenção da formação do cálculo renal:

1.Ingestão de líquidos entre 3 a 4 litros/dia.

2.O sedentarismo predispõe a formação de cálculos, portanto o exercício físico regular três a quatro vezes por semana com boa hidratação é indicado (andar,nadar, etc.).

3.Evitar abuso de proteínas, sal, derivados de leite, carboidratos e alimentos ricos em purinas (como sardinha e fígado) que aumentam o ácido úrico.

Importante: evitar abuso não é eliminar os alimentos da dieta.

Hipertensão

A hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, é doença bastante comum entre nós. Cerca de 15-20% da população apresenta hipertensão arterial. É doença silenciosa, praticamente sem sintomas, mesmo nos casos mais severos. Acontece em geral na 4ª e 5ª década da vida e o diagnóstico é facilmente realizado, bastando para isso medidas periódicas da pressão arterial.

Normalmente o sangue circula em nosso corpo com uma pressão dentro das artérias de 120 ou 130mmHg por 70 ou 80 mmHg. Quando a medida da pressão sanguínea é igual ou superior a 140 por 90 mmHg, já se deve ficar em alerta para o diagnóstico da hipertensão.

Fundamentalmente há um tipo de lesão importante em quem é hipertenso: os vasos sanguíneos, principalmente suas paredes internas, ficam, com o passar do tempo danificados, dificultando a passagem do sangue. Esta situação é principalmente importante no cérebro, no coração e nos rins, que são ditos como órgãos alvos da hipertensão. Há pois, tendência no hipertenso, a longo prazo, de haver comprometimento nestes órgãos, havendo maior facilidade para ocorrer acidente vascular encefálico (derrame cerebral), infartos cardíacos e insuficiência renal. Assim, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar as lesões nos órgãos alvos.

Há, em situações excepcionais, o encontro de alguma doença primária que cause hipertensão: defeitos congênitos da aorta, glomerulonefrites, tumores das glândulas adrenais, além do uso de drogas como corticosteróides por exemplo. Nesta situação, resolvendo-se a doença de base, a hipertensão pode até ser curada. Na maioria dos outros casos, não se detecta uma causa aparente para a hipertensão e o recurso é tomar medicamentos pelo resto da vida, visando a manutenção dos níveis de pressão dentro do normal.

Muitos médicos podem tratar de hipertensão arterial. As hipertensões arteriais mais graves podem ser tratadas por cardiologistas ou nefrologistas. O tratamento com o controle adequado da pressão arterial é fundamental para evitar as complicações secundárias causadas pela hipertensão arterial.

Diabete

É uma doença geneticamente determinada, ou seja, segue algum padrão de hereditariedade e engloba principalmente dois subtipos, o chamado tipo I que é dependente de insulina e o tipo II, não obrigatoriamente dependente de insulina. A doença decorre portanto de uma falta absoluta ou relativa de insulina. 

Caracteriza-se por elevação nos níveis de glicose (açúcar) no sangue e quando não corretamente tratada pode levar a complicações das mais variadas, incluindo doenças arteroscleróticas generalizadas (endurecimento e estreitamento das artérias), retinopatia, cardiopatia, neuropatia e nefropatia.

Hoje a principal causa de insuficiência renal irreversível e que pode levar uma pessoa a ter que realizar diálise é a diabete mellitus de muitos anos de evolução e com mau controle. Fica claro que a diabete tem tratamento e suas complicações podem ser evitadas, desde que as orientações de seu médico e nutricionista sejam seguidas.

Infecção urinária

Contaminação e multiplicação de germes na urina, bexiga e rins.

Nos primeiros anos de vida acomete mais o sexo masculino; na infância e idade pré-escolar, as meninas; na vida adulta aparece mais principalmente em mulheres sexualmente ativas; e nos idosos, devido à ocorrência de infecção na próstata, acomete mais os homens.

Há dois tipos: infecção baixa, denominada cistite e infecção alta, denominada pielonefrite.

A principal maneira de ocorrer a infecção é por contaminação vaginal ou anal onde existem germes que sobem para o trato urinário. Cálculos renais e passagem de sonda vesical também podem predispor a infecção.

Os principais sintomas são : ardência ou dor para urinar, aumento do número de micções, diminuição da quantidade de urina a cada micção, dor na região baixa do abdome. Febre ou dor lombar, quando a infecção for nos rins.

Para o diagnóstico da infecção urinária, o médico deve associar o exame clínico e exames laboratoriais. Exames laboratoriais para confirmação do diagnóstico: parcial de urina tipo I: leucocituria, urocultura: isolamento bacteriano e contagem de colônias >105 microorganismos/ml; antibiograma: identificação da sensibilidade do germe ao antibiótico. Pode existir infecção assintomática só identificável através de exames laboratoriais.

O tratamento é feito com antibióticos. A profilaxia é feita em pacientes que apresentam várias infecções urinárias por ano ou fatores que predisponham a infecção como cálculos .

Portanto se você apresenta alguns destes sintomas procure o seu médico.

Prevenção

É possível identificar e modificar fatores de risco para prevenir o início da doença renal. Também se pode diagnosticar a doença no começo e curá-la ou melhorar a evolução.

Sintomas:
Hipertensão arterial: pressão arterial maior que 140/90 mmHg.
Sangue e/ou proteína na urina verificados visualmente ou por exame de urina.
Valor de creatinina no sangue acima de 1.2mg/dl para mulheres e de 1.4mg/dl para homens.
A dosagem de creatinina é um exame que avalia o funcionamento dos rins e depende da idade, raça e estrutura física da pessoa.
Urinar com maior freqüência, principalmente à noite.
Dor e dificuldade para urinar.
Inchaço, principalmente ao redor dos olhos, mãos e pernas.
Cólica de rim.

Estando presentes um ou mais desses sintomas procure o seu médico para uma melhor avaliação.

Nutrição

Saiba quais os itens da alimentação merecem mais atenção e cuidado. Como controlar os líquidos, a quantidade certa de sal e qual a importância do potássio. Além de dicas sobre o Carbonato de Cálcio, Fósforo e os temperos permitidos para quem faz hemodiálise.

Dieta para quem faz hemodiálise

A dieta para quem faz HEMODIÁLISE consiste em alimentar-se em quantidade adequada, escolhendo os alimentos corretamente.

Alguns itens da alimentação merecem maior atenção e cuidado. São eles:

Líquidos:
Preciso controlar? Como?
Sim, é necessário o controle dos líquidos para quem faz hemodiálise, pois o excesso pode se tornar perigoso, porque pode se acumular no organismo, forçando os pulmões e o coração. O ganho de peso entre uma sessão de diálise e outra deve ser de até 1,5 – 2,0 Kg.

O que é líquido?

Água, chimarrão, café, chá, sucos, sopa, refrigerantes, leite e também sorvete, gelatina e pudim (porque na temperatura ambiente são líquidos).

Dicas para conter a sede:
– Não comer alimentos salgados e/ou muito doces 
– Fazer bochecho com água 
– Chupar um pedacinho de gelo 
– Chupar um limão 
– Balas azedas e chiclete 
– Para beber líquido, use sempre um copo pequeno

Sal:
Comer sem sal?
Depende do controle da sua pressão arterial, entretanto, evite alimentos como: defumados, em conserva, enlatados, temperos prontos, caldo de carne ou galinha concentrados, queijos salgados, embutidos (mortadela, presunto, lingüiça, salame, paio), bacalhau, molhos (soja, tomate, mostarda, ketchup). Além disso, pode usar 1 tampinha de caneta BIC® ao dia, o que corresponde a 1g de sal.

Obs. Meia tampinha de caneta BIC® é o suficiente para salgar 1 prato de comida. NÃO USE SUBSTITUTOS DO SAL PORQUE TEM POTÁSSIO.

Temperos permitidos:

Principalmente os naturais: cebola, alho, orégano, páprica, manjerona, manjericão, pimenta, louro, cominho, ervas, cravo, canela, limão, salsinha, cebolinha, hortelã, colorau, pimentão, alecrim, curry, noz moscada, endro, tomilho, gengibre, açafrão, raíz forte(crem),… Além de : essência de baunilha, vinagre e vinho para temperar carne.

Potássio:
O que é isso?
È um mineral que atua junto aos músculos e nervos. Como a sua quantidade no sangue é regulada pelos rins, na insuficiência renal crônica ele pode estar elevado. O potássio em excesso no sangue torna – se perigoso para o seu coração.

Alguns sinais de que o potássio está elevado: fraqueza muscular ou sensação de pernas “travando” e batimentos cardíacos irregulares (palpitação).

O que tem potássio e deve ser evitado?

Principalmente: chocolate (mesmo o diet), amendoim, feijão, lentilha, soja, canjica, grão de bico, café solúvel, abacate, uva, coco, água de coco, laranja, banana, sucos de frutas naturais, frutas secas, amendoim, rapadura, maracujá, carambola, pinhão, entre outros alimentos.

Consulte uma nutricionista ou médico para tirar dúvidas.

Cálcio e fósforo:
Porque é necessário controlar?
Esses dois elementos trabalham juntos nos ossos, nervos e músculos. Com a insuficiência renal acontece um acúmulo de fósforo (excesso) e alteração dos níveis de cálcio (para mais ou para menos).

Dicas importantes:

Não esqueça do QUELANTE DE FÓSFORO (Carbonato de Cálcio, Acetato de Cálcio e Renagel ®), que servem para diminuir o fósforo, pois este é pouco retirado na diálise. É muito importante usar o quelante junto ou logo após as refeições, para ele se ligar ao fósforo do alimento e ser eliminado nas fezes.

Quando o fósforo estiver alto, controle o consumo de peixes, ovos, leite e derivados e carnes.

Proteínas:
Para que servem?
Servem para manter o organismo bem nutrido. Mesmo que a ingestão de proteínas possa resultar no aumento da uréia, você deve fazer o possivel para comer estes alimentos: carnes em geral, ovos, leite e derivados, etc; pois a perda de proteínas do seu organismo é muito grande e pode levar à desnutrição, o que prejudicará sua saúde ainda mais.

Estas orientações são de caráter informativo e geral, consulte um médico ou nutricionista para poder esclarecer possíveis dúvidas e orientá – lo adequadamente conforme o seu caso e necessidade.

Dieta para quem faz CAPD

Sim, é importante que você receba as quantidades corretas de proteínas, calorias, vitaminas e minerais pela dieta. Algumas regras gerais a serem seguidas:

Proteína

Seu corpo precisa de proteína para:

– crescimento
– construção e manutenção de músculo
– reparação de tecidos

Através da filtração pelo peritôneo, você perde grandes quantidades de proteínas. Assim, você vai precisar comer mais alimentos proteicos para repor o que foi perdido.

Principais fontes: carnes em geral, ovos, leite e derivados, etc.

Calorias – cuidado com os doces!

Você deve conhecer os fatos importantes sobre as calorias:

– elas dão energia ao seu corpo
– elas vêm da comida que você come
– elas também vêm do açúcar contido na solução dialítica

Como a solução de diálise é rica em açúcar, você deve ter controle de alimentos ricos em açúcar como: doces em pastas, marmeladas, massas em geral, biscoitos doces e/ou recheados, bolos, tortas, frutas cristalizadas ou em calda, cremes doces, pães (principalmente os doces), leite condensado, creme de leite,… Não é necessário evitar, apenas controlar a quantidade que você come. O excesso no consumo de açúcar pode levar ao aumento indesejável de peso e dos níveis de triglicerídeos.

Líquidos e sal

Como CAPD, você está apto a seguir sua dieta usual em relação ao sal e liquídos. A observação do seu sal pode ajudá-lo a controlar sua sede e seu ganho de peso (edema). Com esse controle você poderá usar bolsas menos concentradas em açúcar.

– o sal é um mineral encontrado facilmente em alimentos;
– ele é encontrado em grandes quantidades no sal de mesa, em alimentos em conserva e carnes processadas (defumados e embutidos);
– ele pode alterar sua pressão sanguínea;

Potássio

É um mineral encontrado naturalmente nos alimentos, sendo removido pela diálise quando seu rim não funciona. É perigoso quando se encontra elevado ou muito abaixo do normal. Desde que quantidades elevadas ou diminuídas nos níveis de potássio no seu sangue são perigosas para seu coração, o potássio deve ser observado atentamente.

Encontrado em grandes quantidades em: frutas secas, feijões, nozes, carne, leite, frutas, vegetais e substitutos do sal (caldos prontos tipo: Maggi, Knorr, Sazon…).

Cálcio e Fósforo

É um mineral presente em todos os alimentos. Comendo alimentos elevados em fósforo, aumentará o fósforo no seu sangue e isto pode fazer com que o cálcio saia dos seus ossos. Isto tornará seus ossos fracos e fará com que quebrem facilmente. Para ajudar o controle de fósforo em seu sangue, você precisará tomar um medicamento chamado Carbonato de Cálcio (ou Acetato de Cálcio). Ele deve ser tomado junto com as suas refeições e lanches, como orientado pelo seu nutricionista ou médico.

– Encontrado em grandes quantidades nos seguintes alimentos: leite, queijos, nozes e feijões.

Gorduras – controle!

Assim como o açúcar, a gordura deve ter atenção especial na sua dieta. O excesso no consumo de gorduras, pode levar ao aumento indesejável de peso e dos níveis de colesterol.

– Controle o uso de alimentos como: bifes fritos ou à milanesa, carnes e derivados de porco, salsichas, linguiças, bacon, queijos, ovos (principalmente fritos), manteiga, óleo de coco, margarinas, pães ricos em gorduras (como: croissant), massas folhadas, sonhos, doces em pasta, vegetais fritos, molhos gordurosos, maionese, creme de leite, sorvetes, massas como empadão, chocolates, balas à base de leite e/ou chocolate, biscoitos (principalmente os recheados), salgadinhos (como chip’s, coxinhas, risóles), pipoca amanteigada, biscoitos amanteigados, etc…

QUANTO A GASTRITE!!

PREFIRA

• Alimentos cozidos;
• Carnes assadas ou grelhadas;
• Vegetais refogados;
Procure comer mais fracionado, ou seja, menor quantidades de alimentos e maior número de refeições ao dia. Procure não deixar o estômago vazio para o ácido que ele produz normalmente, não o irrite ainda mais.

EVITE

• Alimentos gordurosos (como os citados acima);
• Alimentos muito picantes ou condimentados;
• Café ou chá preto em demasia;
• Refeições pesadas à noite;
• Frituras em geral;
• Cuidado com a pimenta!!

Atividade Física

Veja a importância dos exercícios físicos. Como o paciente renal pode realizar exercícios periódicos e os cuidados que devem ser tomados:

Os benefícios do exercício físico são uma das maiores descobertas da medicina moderna. além de reduzir as possibilidades de infarto do coração e derrame cerebral, é útil no tratamento e prevenção da pressão alta, osteoporose e obesidade. melhora também o apetite, regulariza o sono e dá uma gostosa sensação de bem estar, melhorando o ânimo e vontade de viver.

O paciente renal pode e deve realizar exercícios físicos periódicos tais como caminhar trinta minutos três vezes por semana. é bom também fazer ginástica para fortalecer os músculos e alongamento. 

Um medicamento chamado eritropoetina pode ajudar controlar a anemia da insuficiência renal e aumentar a capacidade de realizar esforço físico.

Atenção, antes de iniciar qualquer programa de exercícios físicos é obrigatório fazer avaliação médica, porque um esforço excessivo pode ser perigoso.